Reflexões em um quiosque

Encontro-me no quiosque de minha escola, é uma hora da tarde, meu irmão está ao meu lado, enquanto o Ismigou e a Rúbia têm uma conversa sobre geometria, ou algo do tipo, e em outro banco os meninos estão falando sobre música.
Eu também estou ouvindo uma do Breaking Benjamin, uma banda nova para mim, descobri enquanto via vídeos do VK.
Às 3 horas tenho monitoria e nesse meio tempo não consigo fazer nada além de pensar naquilo que me incomoda há duas semanas.
O vento me refresca, mas hoje está um dia quente, e algo está errado.
Tudo está tranqüilo, como num filme, sinto que foi tudo armado, nada é real. É como se eu tivesse vivendo uma vida que não é minha. O que eu faço não parece que faço porque quero, e eu não consigo sentir.Isso, sentir! Não sinto nada além de um vazio, mas esse vazio não me traz tristeza, não me traz solidão, nada!
Parece que foi nessas duas semanas que eu acordei e parei para pensar, minha vida toda de antes parece não ter existido, foi só algo que li ou que criei e de repente ficou para trás.
Aquela Gabriela foi inventada, ou então ela existia, só em minha mente, e a real estava vivendo no modo “automático”, tudo do meu mundo era irreal e só agora acordei.
Mas me pergunto...onde está aquele mundo em que vivia? Aquela Gabriela que achei que eu era? Será que foi tudo uma invenção mesmo ou em algum momento aquilo realmente existiu? E se existiu, para onde foi?
Essas duas semanas se passaram de modo estranho, o que será que está acontecendo que só consigo me lembrar de determinados momentos?
Mas só daqueles onde eu senti que a outra Gabi estava realmente de volta, viva. Eu pude “sentir” essa vida no aniversário da Fernanda, ou na padaria com meu irmão enquanto apertávamos minha mãe (momentos únicos), porém na escola ou quando estou sozinha em casa o tempo passa muito rápido e é como se aquele dia não tivesse existido !
Tudo o que eu queria agora é dormir de novo. Poder sonhar com meu outro mundo, voltar para ele e talvez não acordar mais. Mas no outro dia eu acordo, tenho que ir para a aula e passar aquele dia no automatismo, pois não considero isso viver. Ai quem dera se eu pudesse viver mesmo que fosse só nos meus sonhos, profundos sonhos, mas eu viveria feliz lá, sem jamais acordar.